terça-feira, 12 de julho de 2016

OS 11 ANOS DO BLOG “MONSARAZ em fotos”


12 de Julho de 2005, foi a data do primeiro post no blog “Monsaraz”,  criado por António Caeiro, para divulgar e homenagear a sua terra de adopção - A Vila de Monsaraz, ou como diria José Cutileiro, em “Ricos e Pobres no Alentejo” a “Vila Velha”.
Desde então,  António Caeiro, foi aumentando este espaço, enriqueceu-o com as suas próprias fotografias, e depois com as de outros fotógrafos, como foi o caso de David Ramalho e de João Fructuosa; esse enriquecimento foi sendo sempre melhorado com a criação de várias “rubricas”, das quais se destacam: “Outras artes”, “Outros Tempos”, “Monsaraz por outros Olhos”, “Aldrabas e Batentes de Monsaraz”, “Crónicas do Alto da Vila”; foram publicados contos de autores alentejanos, amantes, também eles, da “Vila Velha” – MONSARAZ –

A magia de Monsaraz, captada “pela sua lente”, viria a dar origem à primeira incursão de António Caeiro, ao mundo da impressão, em formato de Livro, sendo editado com o selo da Mindaffair/almalusa.org, “O Silêncio das Pedras”, que inclui ao longo de cem páginas (com dimensão de 25X25cm), um conjunto de imagens captadas pelo autor, que foram separadas por dois temas: “Olhar Monsaraz” e “Outros Olhares”.

A escolha do tema “Olhar Monsaraz”, não foi ao acaso, porque contempla uma singela homenagem à bela Vila Medieval.
“O Silêncio das Pedras”, conta com um texto de introdução, elaborado pelo poeta, escritor e dramaturgo, Paulo José Miranda que refere, a dado passo: “De um ponto de vista fotográfico, de um ponto de vista de luz e seus registos, estas fotografias confrontam o azul com o resto.”

Com a colaboração dos fotógrafos amadores, já citados, e dos Poetas, Anabela Soares, Cecília Vilas Boas, Inês Valadas, Isabel Vieira, José Luís Outono, Jesuino Vieira, Manuel A. Belo Silva, Manuel Manços Assunção Pedro, Manuel Sérgio, Maria Antonieta Matos, Maria José Lascas Fernandes, Maria Pereira Gonçalves, Paula Cristina Costa e Rosa Guerreiro Dias, surgem mais dois livros, homenageando a Vila Velha: “POETIZAR MONSARAZ”. (Vol ‘s I e II).

Foi realizada a exposição de fotografia, “Monsaraz - entre o céu e a terra”, apresentada e inaugurada, em Lisboa, na Casa do Alentejo e na Igreja de Santiago,  em Monsaraz.

Três olhares… a mesma Vila!

Trata-se de um conjunto de imagens sobre Monsaraz, captadas pela lente de António Caeiro (Aldeia de Paio Pires), David Ramalho (Reguengos de Monsaraz) e João Fructuosa (Campinho).
António Caeiro, quer através da sua lente, quer como coordenador de trabalhos e livros de fotografia e de fotografia e poesia, pretende mostrar a Vila de Monsaraz  e fá-lo soberbamente.

Leva-nos a manifestar interesse e a querer conhecer o verdadeiro Alentejo.  Quando nos deslocamos a Monsaraz, percorremos as suas estradas, quase desertas, sentimos as suas planícies e montes onde, de vez em quando, podemos observar uma casa “salpicada”, na paisagem.

Ao chegarmos a Monsaraz, encontramos uma vila, muralhada, com poucas centenas de habitantes, de casas caiadas de branco e chão empedrado (do xisto de Monsaraz), pendurada num monte, de onde avistamos o maior lago artificial da Europa – O Alqueva – e  terras de Espanha, de onde tantas vezes nos chegava o inimigo, que logo nos obrigava a defender e a atacá-lo do alto do castelo da referida Vila.

António Caeiro, e seus convidados, através das suas lentes, ou palavras captam tudo aquilo que nos diz Francisco Martins Ramos, in TERRAS DO MEU ENCANTO  - MONSARAZ:
Chegados ao cimo da colina, montanha soberba à escala minúscula dos homens e que domina o mundo raso envolvente, quedamo-nos, silenciosos e reduzidos, frente à Porta da Vila, que iremos ultrapassar, curiosos e inseguros: entrar na vila é dar o primeiro passo na aventura da descoberta. Entramos; se é inverno, inebria-nos o cheiro alucinogénio do aroma das estevas a arder em lareiras escondidas; se é verão, acaricia-nos o bafo morno da brisa reflectida pelo xisto causticado de séculos e pela cal teimosamente indelével.”
“Fazemos o périplo da vila, encostados às muralhas, invadimos os quintais minúsculos, santuários da agricultura de jardim, imaginamos as delícias gastronómicas que o odor que se espalha pelas portas e chaminés nos provoca, inventamos miradouros na esquina de cada rua, imaginamos o rio, ribeira em tempo de verão, a correr mansa e exaurida, para lá do outeiro de São Gens. Espreguiçamos o olhar para as bandas da Extremadura espanhola, descobrimos no horizonte o “país dos sacaios”, voltamos à torre grande que vigia o cemitério, sítio bom para se repousar, onde a morte parece mais organizada que a vida.

Queremos voltar ao centro do mundo e deixamo-nos perder e embalar no labirinto de ruas e ruelas e nas teorias do imaginário urbano.” (FRANCISCO MARTINS RAMOS, 2006, in “BREVIÁRIO ALENTEJANO”, págs. 52 e 53.)

Obrigada António Caeiro pelo Blog e Facebook que criou e faz crescer, mostrando e divulgando a Mágica Vila de Monsaraz e que os mesmos se mantenham por mais 11 anos.

Texto:
Ana Maria Saraiva
12.JUL.2016

Fotografia:
António Caeiro
12.JUL.2005 (a primeira fotografia do Blog)

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